Já em São Bernardo, é realizada todos os finais de semana a exibição gratuita de filmes nacionais e internacionais no Teatro Abílio Pereira de Almeida. Mas, ao contrário do que ocorre nos cineclubes, essa mostra não traz debates e discussões acerca dos temas abordados nas sessões.
O movimento cineclubista vem ganhando cada vez mais destaque no cenário cultural alternativo. E os motivos que explicam o público frequente são, além do interesse pelas produções cinematográficas nacionais e independentes, as propostas dos cineclubes, a proximidade entre o público e os cineastas profissionais e amadores, o acesso, e o preço.
Zózimo Adeodato Fernandes, 30, arte-educador e frequentador há anos o círculo cultural de Diadema, fala da carência da cidade em relação às salas de cinema antes da criação do Cine Eldorado .“Lembro-me da manifestação de artistas da cidade pela implantação de um cinema”. Ele busca nos cineclubes, além de uma programação diferenciada e preço acessível, o contato com pessoas e opiniões diferentes.
Muitas pessoas também frequentam os cineclubes por se identificar com as propostas e ideologias. É, no geral, um público engajado, que vê nesses espaços uma alternativa para democratizar o cinema, levar conhecimento e ir contra o cinema comercial.
Raoni Gruber, 23, é músico e frequentador assíduo dos cineclubes Jairo Ferreira e Pilar de Mauá. Para ele os cineclubes são uma reação contra o circuito de cinema nacional que cobra preços elevados e limita seu público. “No cineclube eu passo de consumidor a espectador. Posso assistir a um filme, refletir, e ,muitas vezes, discutir, em vez de simplesmente entrar, pagar e ser expulso da sala como se o filme acabasse ali mesmo”.
O professor de ensino médio Colez Garcia Junior, 39, freqüenta desde o ano passado as sessões do Projeto Cineclube, em Santo André, e o que mais o atrai são os tipos de filmes exibidos, que vão de clássicos até as mais novas produções cinematográficas brasileiras que, normalmente, não chegam aos grandes circuitos “São filmes que a gente não tem acesso de outras maneiras”, disse.
Além disso, para ele as grandes empresas de cinema estão mais preocupadas em apresentar filmes voltados para a diversão do que aqueles que levam à discussão de temas polêmicos “A proposta dos cineclubes é bem mais focadas no sentido de formação. Os grandes cinemas tratam de assuntos atraentes para o entretenimento do público e que vão dar mais retorno”, disse o professor, que utiliza os debates dos cineclubes em sala de aula.