Quereres (de Sergio Santeiro).
Sempre pisei nas melhores pegadas
A boca ansiosa por sexo
Palavras são átomos, missão: precipitá-las
Não pise o meu chão com sapatilhas
Que a última não fosse a última
Que a próxima não demorasse
E que eu soubesse esperar
Não me brindem com bebida pouca
Cada vez foi menor entre o abraço e o rechaço
Gosto de aceitar convites
Apaixonadas exultam na calada do dia
Queria dar-te o meu melhor só sobrou o pior
Bebes da minha fonte
Mais quero menos ganho
Por que faço ponto entre putas e turistas?
Mulheres flertam com homens do lado
Não vais entrar porta adentro antes que eu durma
Não vais chegar como antes sem que eu saiba
Tenho que marcar, combinar e esperar
Só falta não quereres quando eu quiser
A vida espera que me dês atenção
O olhar prometia a mão me empurrou
No meu sonho era como se tivesses chegado
Dai-me o benefício da dúvida
Chorei porque não te via chegar
Mais quero menos vens
O cara achou que era com ele
Carapuças não me cabem
O convívio é que faz bem
Quem bate à porta merece resposta
Faço por gosto não por obrigação
Nem tudo já foi dito
Em casa vazia não cabe ninguém
Mal, bem, bem mal
Há quem queira o que não queres
Perco a guerra mas não perco a pose
Cansei de esperar que esperes por mim
Na tua falta revirei nossas lembranças
Antes era difícil agora ficou pior
Ninguém sente a minha falta
Joguei fora o último traço que me ficou de você
Muitos são os que duvidam
Não vou correr pra não quebrar a cara
Não se deve deixar águas passarem
No começo era bom mas no final acabou
Meu lamento fez-se chuva
Não alcanço o que não me alcança
O dito pelo não dito é silencio
Foi-se com o vento e ficou um vazio
Procurei um bocado nem migalha sobrou
Entre a primeira e a última seria bom haver mais umas
Rever não ajuda a esquecer
Se foi pouco o que te dei é porque não quiseste mais
A moça que eu beijo nem sempre é a que me beija
Como fazer pra não querer-te mal
Tropeçar em pedras pode nos levar ao chão
Tropeçar em nuvens não nos faz voar
Eram tantas as promessas por que fui acreditar na dela
Amigo não é o que avisa é o que esconde
O que veio antes não pode ficar pra depois
É preciso tolerar o intolerável não o intolerante
Só no apagar das luzes é que se viu as sombras
Antes que eu me vá deixa que te beije
Até o gosto se perde
Quando olhei pra trás já não havia nada
O trovão antecede o raio
A perda apaga o cansaço
Bem me quer quem mais me quer
Sem querer chego a dizer o que não quero
Não vou me repetir não quero mais querer
No fundo da gaveta guardei o que perdi
Nem tudo se explica com ou sem palavras
Não é justo que se esqueçam de mim
Não vou deixar pra amanhã o que preciso apagar agora
Caldos ou caldas não me fazem lamber o chão
Meu querer é que me queiras como eu te quero
Sergio Santeiro (santeiro@vm.uff..br).